Espetáculo com o grupo "Kuan Yin de Mil Braços", apresentado nas comemorações do Ano Novo Chinês por uma das televisões chinesas.
Quando vimos este fabuloso espetáculo, decidimos publicá-lo no
Blogue.
Ao procurar perceber a filosofia que presidia à coreografia,
encontrámos nas observações subjacentes ao vídeo, a explicação para a presença
das personagens que muito nos intrigavam, por estranhamente contrastarem com
todas as outras, ao aparecerem vestidas de branco e antecipando o sincronismo
dos movimentos coreográficos, como se de maestros frente a uma orquestra se
tratasse.
Compreendemos o seu papel quando ficámos a saber que os
movimentos impecavelmente síncronos das intérpretes, eram praticados por deficientes
auditivas, sendo essa afinal a justificação da sua presença, dadas as suas
numerosíssimas intérpretes, não terem a mais pequena noção dos sons com que
teriam de harmonizar os seus movimentos.
Ao entendermos a fundamentação inspiradora de todas aquelas
maravilhosas sequências, percebemos perfeitamente que não podemos divorciar
esta coreografia da deficiência das suas intérpretes.
Independentemente e do seu caracter religioso, assentes em
motivações significantes de amor e compaixão, baseadas na existência de uma
divindade a que atribuem mil mãos como símbolo religioso, dada a
impossibilidade de se transformarem num Buda, “enquanto houver uma
única gota de lágrima neste
mundo”
Ao procurar mais vídeos deste grupo, encontrámos um endereço que
tem vários vídeos com estas maravilhosas artistas, bem como a outros
espetáculos, protagonizados por indivíduos com outros tipos de deficiência,
juntamente com outros que mostram alguns rituais da religiosidade oriental.
Quando os quiser ver CLIQUE AQUI.
Julgamos que não se trata de sensibilizar especificamente os
espectadores para a deficiência. Verificamos é que os deficientes são tratados
nestes casos, com uma dignidade, que só uma filosofia de vida milenar como a
chinesa, seria capaz de praticar, sem intenções caritativas ou por
misericordiosa piedade.
Temos de reconhecer, que infelizmente o chamado Ocidente,
entretido a desenvolver uma sociedade de consumo, subestima o ser humano e
particularmente o deficiente no seu direito à dignidade, relegando-a para
segundo ou terceiro plano, procurando estruturar os indivíduos como máquinas de
consumo, que produzam lucro e alimentem os mecanismos da sociedade capitalista.
O Ocidente ainda tem um longo caminho a percorrer, no sentido de
criar uma sociedade justa, equitativa e solidária, onde todos tenham os seus
direitos garantidos, de acordo com as suas necessidades e não só consoante
aquilo que produzem, ou seja uma sociedade verdadeiramente socialista!
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