NELSON MANDELA
Intervenção de
António Filipe
em 18 de Julho de 2008
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Sr. Presidente, Srs. Deputados:
Nelson Mandela faz,
precisamente, hoje 90 anos e o PCP decidiu propor à Assembleia da República que
aprovasse um voto de congratulação por este acontecimento, associando-se,
aliás, a vozes que, por todo o mundo, manifestaram o seu júbilo pelos 90 anos
de Nelson Mandela.
Não sabemos ainda como é que
os partidos à direita vão votar o nosso voto, mas, seja como for, ele já
cumpriu a sua função, porque, se o PCP não o tivesse proposto, decerto que a
Assembleia da República não aprovaria nenhum voto de congratulação pelos 90
anos de Nelson Mandela.
Assim, vai aprovar.
Mas nós votaremos todos os
votos. Estejam descansados!
O que é interessante é a
necessidade que os partidos à direita sentiram de apresentar votos próprios,
demarcando-se do voto apresentado pelo PCP sobre esta matéria. Fazem-no para se
desembaraçarem de embaraços que a vossa própria história vos cria.
Isto porque aquilo que os
senhores não querem que se diga, lendo os vossos votos, é que Mandela esteve
até hoje na lista de terroristas dos Estados Unidos da América.
Mas isto é verdade! É público
e notório - toda a gente o sabe!
Os senhores não querem que se
diga que Nelson Mandela conduziu uma luta armada contra o apartheid, mas
isto é um facto histórico.
Embora os senhores não o digam, é a verdade, e os
senhores não podem omitir a realidade.
Os senhores não querem que se
diga que, quando, em 1987, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com
129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, os três
países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Reagan, a
Grã-Bretanha, de Thatcher, e o governo português, da altura.
Isto é a realidade! Está
documentado!
Não querem que se diga que, em
1986, o governo português tentou sabotar, na União Europeia, as sanções contra
o regime do apartheid.
Não querem que se diga que a
imprensa de direita portuguesa titulava, em 1985, que: «Eanes recebeu em Belém
um terrorista sul-africano». Este «terrorista» era Oliver Tambo!
São, portanto, estes embaraços
que os senhores não querem que fiquem escritos num voto.
Não querem que se diga que a
derrota do apartheid não se deveu a um gesto de boa vontade dos racistas
sul-africanos mas à heróica luta do povo sul-africano, de Mandela e à
solidariedade das forças progressistas mundiais contra aqueles que defenderam
até ao fim o regime do apartheid.
Congratulamo-nos vivamente com
os 90 anos de Nelson Mandela e queremos saudar, na sua pessoa, a luta heróica
do povo sul-africano pela sua dignidade, pela igualdade entre todos os seres
humanos e contra o hediondo regime do apartheid.
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