UMA LIÇÃO EM ITALIANO
Acabamos de receber a mensagem de um amigo, cujo assunto “Momento dramático na Opera de Roma” continha um vídeo excepcional.
Acabamos de receber a mensagem de um amigo, cujo assunto “Momento dramático na Opera de Roma” continha um vídeo excepcional.
Já em tempos tínhamos conhecimento
dele e até o publicámos neste Blogue.
No entanto ao revê-lo, voltámos a
sentir uma emoção tão forte, que nos sentimos obrigados a repetir a sua
publicação, para não regatear aos novos leitores do Blogue e mesmo aqueles que
já tenham tido acesso a ele por outra via, de vibrarem de novo com este
monumento à vida colectiva e à cultura, condimentos essenciais na procura da
felicidade.
Há momentos na vida que vale a pena
viver.
E se há um povo que compreenda as
palavras do maestro Ricardo Muti quando diz “tenho muita mágoa do que se passa no
meu país”
referindo-se à sua Itália, nós os portugueses e talvez os gregos, melhor do que
ninguém, entendemos as suas preocupações.
A dimensão dos problemas que os
chamados países do sul enfrentam, exigem reganhar toda a coragem e lucidez
possíveis, para lutar contra o sistema económico, que nos esmaga.
No fundo das nossas almas, acompanhamos
em coro aqueles que cantaram «Ó minha pátria, tão bela e perdida», letra do tema «Va
pensiero», porque em consciência sentimos que estando num dos períodos mais
graves da nossa história, se não lutarmos para derrubar este governo e obrigarmos
a alterar a política seguida, a nossa pátria tão bela, estará irremediavelmente
perdida!!!
Não há exagero! É de facto esta, a
dimensão do problema!!!
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MOMENTO DRAMÁTICO
NA ÓPERA DE ROMA
NA ÓPERA DE ROMA
No dia 12 de março
de 2011, a Itália festejava os 150 anos da sua unificação, ocasião em que a
Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo da unificação do
país, que invoca a escravidão dos Judeus na Babilónia, uma obra não só musical
mas, também, política à época em que a Itália estava sujeita ao império dos
Habsburgos (1840).
Sylvio Berlusconi
assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida pelo maestro Ricardo
Mutti.
Antes da
apresentação o prefeito de Roma, Gianni Alemanno ? Ex-ministro do governo Berlusconi,
discursou, protestando contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu
para politizar o evento.
Como Mutti
declararia à TIME, houve, logo de início, uma ovação incomum, clima que se
transformou numa atmosfera de tensão quando se iniciaram os acordes do coral « o
famoso hino contra a dominação.
«Há situações que
não se podem descrever, mas apenas sentir; o silêncio absoluto do público, na
expectativa do hino; clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do
mesmo; a reação visceral do público quando o coro entoa? Ó minha pátria, tão
bela e perdida?».
Ao terminar o hino
os aplausos da plateia interrompem a ópera e o público manifestou-se com gritos
de «bis», «viva Itália», «viva Verdi». Das galerias são lançados papéis com
mensagens políticas.
Não sendo usual
bisar durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito uma vez em 1986, no
teatro La Scala de Milão, o maestro hesitou.
Dado que o público
já havia revelado o seu sentimento patriótico, o maestro voltou-se no púlpito e
encarou o público e o próprio Berlusconi.
Fazendo-se
silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, e reagindo a um grito de «longa vida
à Itália» disse:
RICCARDO MUTTI: «…Sim,
longa vida à Itália mas... [aplausos]. Já não tenho 30 anos e já vivi a minha
vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho muita mágoa do que se
passa no meu país. Portanto aquiesço ao vosso pedido de bis para o Va Pensiero.
Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti em todos, mas porque
nesta noite, enquanto eu dirigia o coro que cantava? Ó meu pais, belo e
perdido? Eu pensava que, a continuarmos assim, mataremos a cultura sobre a qual
assenta a história da Itália. Neste caso, a nossa pátria, será verdadeiramente?
Bela e perdida. (aplausos retumbantes, incluindo os dos artistas em palco)
Reina aqui um? Clima italiano? Eu, Mutti, falei para surdos durante longos
anos, gostaria agora... nós deveríamos dar sentido à este canto; como estamos
em nossa casa, o teatro da capital, e com um coro que cantou magnificamente, e
que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que todos se
juntem a nós para cantarmos juntos..."A tempo"...»
Foi assim que Mutti
convidou o público a cantar o Coro dos Escravos.
O público
levantou-se. Toda a ópera de Roma se levantou... O coro também se levantou. Foi
um momento magnífico na ópera! Vê-se, também, o pranto dos artistas.
Aquela noite não
foi apenas uma apresentação do Nabuco mas, sobretudo, uma declaração do teatro
da capital, dirigida aos políticos.
ACONSELHAMOS A VER EM ECRAN INTEIRO
ACONSELHAMOS A VER EM ECRAN INTEIRO
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