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segunda-feira, 23 de junho de 2014

ALVARO CUNHAL - UMA SAUDADE


              UMA VOZ LÚCIDA           

A jornalista São José Almeida, publicou no jornal “Público” no passado dia 21, um artigo de opinião, onde expressa a convicção que a ida de Jerónimo de Sousa a Belém, pedir ao Presidente de Republica a demissão do governo, passou despercebida na comunicação social (situação a que de resto o PCP já está habituado), teve uma importância relevante.
Depois de explicar os fundamentos dessa importância, acrescenta algumas considerações extremamente lúcidas e importantes do ponto de vista político, tendo em vista a réstia de esperança que o PCP representa, em consequência da situação confrangedora em que se encontra o prestígio da restante classe política.
Nem de outro modo seria expectável, devido ao comportamento dos partidos que nos têm desgovernado e que desavergonhadamente se intitulam “do arco do poder”.
O lógico seria auto intitularem-se do “arco da dívida” no mínimo, ou do “arco dos vendilhões do país”, se quisessem retratar a acção maléfica com que sempre defenderam os interesses da direita e particularmente os interesses da banca e dos capitalistas, em consequência da qual, temos um Portugal vendido ao estrangeiro, na miséria, um país de emigrantes, sem património, cheio de dívidas e cuja única voz de esperança é a do Partido Comunista Português!!!
Dizia a jornalista, (sendo que os destaques a negrito são da nossa responsabilidade): 
"A vitória do PCP nas europeias é vivida pela sua direcção e pelos seus militantes de acordo com o padrão de referências deste partido. Um partido com identidade comunista, um partido que se mantém fiel à sua natureza de partido da classe operária e de todos os trabalhadores, que continua a caracterizar-se como revolucionário e internacionalista, que permanece leal à ideologia marxista-leninista, continuando a defender, assim, a construção de uma sociedade socialista, tendo como objectivo final o comunismo. 
É este ideário e a capacidade de mantê-lo hoje, mais de duas décadas depois da queda do Muro de Berlim e do fim dos regimes comunistas de Leste, que faz do PCP um partido diferente e de certa forma único em Portugal e até na Europa. A singularidade do PCP assenta nas suas características de partido comunista mantidas intactas e até depuradas na última década, mesmo depois da morte do líder histórico Álvaro Cunhal. 
Essa singularidade faz do PCP um partido anti-sistema dentro do sistema. Isto porque o respeito pela legalidade, pelo formalismo e pelo institucionalismo de Estado é uma questão de honra no PCP – e de sobrevivência até, já que ao mesmo tempo protege-se de ser institucionalmente desrespeitado ou posto em causa como partido do sistema. Foi assim desde a legalização do PCP após o 25 de Abril e é esse formalismo e e institucionalismo que nunca permitiu que fosse sequer aflorada a possibilidade de questionar a sua legitimidade dentro do sistema democrático.
Só que, sendo do sistema e estando no Parlamento, o PCP é um partido anti-sistema e no seu projecto tem como objectivo a superação revolucionária do regime democrata actual e a implantação de um regime socialista. É o desejo de atingir essa meta que enforma o seu perfil crítico e discursivo, que o torna na principal força anti-sistema do ponto de vista doutrinário. Mas também do ponto de vista formal, já que nas urnas, os seus eleitores expressaram apreço pela atitude política e o perfil crítico e oposicionista do PCP." 
E termina dizendo: 
"Assim, cumpriu a sua missão política no presente e marcou o território para o futuro."

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