Olhar à esquerda

IMAGENS DA REVISTA

NATIONAL GEOGRAPHIC

O “power point” de hoje aproveita imagens publicadas pela revista National Geographic, que são sempre profundamente inspiradoras de reflexão, ou motivo de meditação.
De facto, nesta série por exemplo, deparei com o já muito publicitado rosto de uma jovem Afegã, que em 1984 tinha 17 anos e que foi publicada pouco antes da revolução Talibã.
Muitos anos depois, o mesmo fotógrafo, conseguiu encontrá-la e voltou a fotografa-la, já com uma expressão mais madura e serena.
Ao rever essa celebérrima primeira foto, dezenas de vezes observada exclusivamente pela beleza da jovem, só agora prestámos atenção ao seu olhar.
Quando jovem, parece interrogar o fotografo com o medo estampado no seu belo rosto, como quem interroga: Meus Deus…o que é que este homem quer?
Pelo contrário, numa idade já madura, com o rosto descoberto, o seu olhar reflecte o desprezo que a vida construiu, materializado naquela miserável burca que lhe serve de pano de fundo.
A serenidade que transmite, é de alguém que já desistiu dos medos e sabe o destino de subserviência a que a sociedade a condenou e da qual já nada espera.
Mais adiante, outra mulher árabe, Afegã ou não, na tentativa frustrada de se mostrar superior pela ostentação de um outro tipo de “burca” mais estilizada, exibindo jóias de certamente grande valor, não consegue alterar a compaixão que provoca, ver um ser humano, mesmo que voluntariamente, ser sujeito a tão humilhante limitação da sua liberdade e da sua dignidade.
Logo a seguir o passeio de uma liberdade igualmente prisioneira, uma representada pela burca a outra, os passaros levada á cabeça numa gaiola.
Crueis incoerências, plenas de simbolismo
Outras vivências, outros hábitos, outros conceitos, outras crenças, se seguem.
No entanto, igualmente nos obrigam a quando nos interrogamos e procuramos respostas, estarmos inconscientemente a enriquecer a capacidade de sermos mais cidadãos, mais interventivos e mais justos nas nossas opções.

NESTE LINK