AS MANIFESTAÇÕES
E OS DONOS DA OPINIÃO POPULAR
Temos ficado absolutamente espantados com o significado que
alguma “nata” dos nossos “opinadores” oficiais, tem atribuído as gigantescas
manifestações populares de sábado passado.
Três exemplos:
Marques Mendes
Considera que os portugueses são uns retardados
macaquinhos de imitação, por isso considera:
“Embora com atraso,
acabamos sempre por importar as modas alheias. Daí não vem mal ao mundo”.
Mota Amaral
O deputado que se autoflagela com o
cilício, porque considera «A Dor é a pedra de toque do Amor» cumprindo a
orientação do seu mentor espiritual D. José Maria Escrivá, disse:
”Todos os protestos e foram vários, tiveram uma grande
expressividade. Mas não me preocupou nada. Não estou nada preocupado.”
Só faltou confessar que até se alegrava bastante
e dava pulos de contente, por ver a autêntica pedreira que se abateu sobre os
portugueses.
Moita Flores
Ontem, como reflexo do meu lado masoquista, dei
uma vista de olhos nos primeiros parágrafos de um artigo de Moita Flores, por
quem há muitos anos tive uma duvidosa admiração. O homem nessa altura falava
muito de casos de polícia, até se tornar politicamente um caso de polícia!!!
Escrevia ele, a propósito das gigantescas
manifestações que uniram Portugal de Norte a Sul:
“As cidades de Lisboa e do Porto ainda se encontram coalhadas pela
imensa multidão que saiu em protesto contra a política ‘troikista’, que optou
para aderir aos apelos das redes sociais e, simultaneamente, procurou distanciar-se,
com algum desprezo, dos partidos que se opõem ao governo”.
Reparem que este cretino (desculpem-me estar
a elogiá-lo!), num só parágrafo, consegue um autêntico “passe de mágica” ao
dizer uma coisa e o seu contrário, acrescentando-lhe uma pitada de demagógica
adivinhação.
Ele sabe que a política ‘troikista’” é a
política do governo.
No entanto foi certamente por um passe de magia, que lhe
permitiu discernir que os que lá estavam não faziam parte dos partidos do
governo. Eram só da oposição!!
Independentemente de dizer que foi o desprezo
que a multidão sente pelos "partidos que se opõem ao governo" que proporcionou
coalhar as ruas de imensa multidão, deixou claro que naquela multidão, não havia
ninguém ligada aos partidos do governo!!!
Razões????
“Se é certo que se torna desconcertante que
manifestações com esta grandeza fujam da tutela dos partidos que se opõem ao
governo, como se os sentissem como algo de impuro e sórdido que macula a
indignação”
Eu volto a referir que não é minha intenção
elogiá-lo, dizendo que é um cretino, mas quando ele finge esquecer a noção
básica de que tudo na vida é política e que os partidos nasceram para
representar os interesses das pessoas ao pretender colocar-se à margem das opções
politicas, considerando-se independente, está mesmo a pedir que nós lhe devíamos
tecer maiores “elogios”, do que aquele que já lhe debitámos.
Acontece que não queremos estragar o homem com mimos!!!
Quanto a nós, o que está a gratificar o nosso quotidiano,
é verificar a quantidade de movimentos populares que se estão a erguer em luta
contra a exploração, graças aos novos meios de comunicação.
Graças às novas tecnologias, as populações adquiriram
maiores facilidades de esclarecimento e capacidade de mobilização para desenvolverem
movimentos reivindicativos, impossíveis antes de aparecerem esses novos meios
tecnológicos.
Assim na procura de novas formas de organização
social, as populações estão a depositar no
Socialismo a resposta colectiva correcta a essas justas reivindicações.
Não foi por acaso, que o Capitalismo, para
confundir as massas populares e manter o seu domínio e capacidade de explorar os
trabalhadores, aproveitam a existência de partidos ditos socialistas e até
sociais-democratas, para num simulacro de democracia traduzirem através deles,
o domínio do capital sobre o trabalho.
É nomeadamente o que se passa há muito em
Portugal e segundo nos parece, a França vai pelo mesmo caminho,
independentemente das primeiras medidas que François Hollande tomou, parecerem
que iria cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Servindo-se dos meios de comunicação social que dominam
totalmente, manipulam a informação e inquinam as consciências dos cidadãos, de molde
que em altura de eleições, estejam criadas as condições para eleger as
direcções dos partidos, que tacticamente mais lhes interessem.
Esta é a razão do silêncio e do isolamento em
que permanentemente mantêm as actividades e propostas do Partido Comunista
Português, ocultando que o seu principal objectivo é o Socialismo e deturpando
a sua intransigente acção na defesa do
povo e os trabalhadores, só abrindo
raras excepções, para fingir que estão a
exercer uma pluralidade informativa, que
possa parecer democrática.
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