É UM ANJO INOCENTE, DE ASAS BRANCAS, ESVOAÇANDO SOBRE A COLIGAÇÃO
Sou um habitual leitor do Correio da Manhã, que todos os
cafés da minha terra adquirem, para atrair os clientes.
É não só uma forma de poupar umas “massas”, como também o
facto da diferença de conteúdos políticos entre os jornais, estar hoje tão
esbatida, que a triagem que somos obrigados a fazer, apoiados na informação
alternativa, torna semelhante, toda a nossa comunicação social.
Nem outra coisa seria de esperar, pois os grupos económicos
que dominam a informação em Portugal, estão limitados de tal maneira, que até um
analfabeto, não precisaria de todos nos dedos de uma mão, para os contar.
Entre as notícias e a realidade, a manipulação na nossa
comunicação social, é uma questão cientificamente exacta.
Hoje o “Correio da Manhã” até parece um boletim da Igreja
Católica, tal a profusão de artigos sobre a religião católica apostólica romana (é bom esclarecer, até porque seitas católicas são mais de 50, segundo a santa madre igreja!!!)
Ele é a notícia das festividades em honra de uma nossa
senhora da Nazaré, ele é a imagem de uma igreja a servir de fundo a um rancho folclórico
alentejano, ele são as directivas do cardeal patriarca de Lisboa “criticando os
sacerdotes que têm a audácia de contrariar o pensamento essencial da Igreja
Católica, colocando em causa a orientação pastoral dos fiéis”, ele é a “muita curiosidade” suscitada
a Maria Curado de 83 anos em ir à missa na nova “Igreja Caravela”, que custou 3
milhões de euros, porque esta devota era obrigada a assistir à missa num
pré-fabricado do Restelo há mais de 22 anos, o que segundo a notícia causava “grande ansiedade, aos fieis da Paróquia São
Francisco Xavier”, ele é quase uma página, a descrever a luta que os Bispos
dos países de língua portuguesa reunidos em Timor, travam contra as seitas.
Mas o que mais nos impressionou, foi um texto do padre Fernando
Calado Rodrigues, com o título de “Ressonância” “Arrufos na Coligação” .
Este novo profeta, utiliza
a sua veia jornalística inspirada no Livro do Apocalipse, que certamente já leu
e releu, da frente para traz e de traz para a frente, preocupado com as ameaças
que toldam o horizonte do seu múnus sacerdotal, em virtude das desavenças
terrenas, entre os dois partidos do seu coração… queria dizer da coligação.
Ele esclarece que está bem habituado a que os partidos prometam,
prometam, prometam e depois não cumpram, hábito que múltiplas vantagens que tem
trazido, à elite dos seus devotos, dizemos nós.
O que parece ser extremamente doloroso, é ter no governo o
mais lídimo representante político da sua igreja, o partido que melhor representa
os seus interesses e vocações, que de vez em quando se atribui a alcunha de “democrata-cristão”,
e por uma simples questão de pormenor ou por maior, arrisca uma rotura na
coligação.
Paulo Portas com a questão de querer “Deus para si e o Diabo”
para o Passos Coelho, está a esquecer os riscos que correm os privilegiados deste
país, caso a coligação se desfaça, embora o maior partido da oposição esteja a
rilhar os dentes para que isso aconteça, para se ir lambuzar com os restos que
ainda existam nos tachos e panelas do regime.
Calculem, diz o padre, que Paulo Portas se atreveu a “obrigar o seu parceiro de governo a recuar
nos seus anúncios ou a abandonar bandeiras que lhe são caras” , “a recuar na
solução gizada para a privatização da RTP” e a adiar para depois das
eleições autárquicas, ”a apresentação na
Assembleia da Republica da revisão da Lei Eleitoral autárquica”, certamente
à espera de um qualquer “chantágico” argumento
apareça, para encenar um acordo, desde sempre desejado pelo PS e que agora hipocritamente
, António José Seguro “vai dizendo” que
rejeita.
Não é novidade para ninguém, que sempre foi intenção do PS, diminuir
por essa via, o número de autarcas potencialmente elegíveis, pelo Partido
Comunista Português.
O problema que o PS
sabe inultrapassável, é que por arrasto o CDS, elemento indispensável na
coligação, sofreria uma razia total, na medida em que, à excepção de uma
autarquia, todas as que têm representação sua, são em coligação com o PSD.
Este é que é o verdadeiro cerne da questão, no problema das
alterações a efectuar na nova legislação autárquica.
Quanto ao Partido Comunista Português, a influência tradicional
que tem nas autarquias, é fruto da reconhecida honestidade, dedicação,
competência, vigilância atenta e grande espírito de sacrifício dos seus
autarcas.
É isso que incomoda verdadeiramente os partidos do “Arco do
Poder” , que são obrigados a conter o imenso apetite na distribuição de
prebendas aos seus clientes, dada a constante atenção e denúncia, que sobre eles é exercida, pelo PCP.
O padre Fernando Calado Rodrigues, tornou-se um sério
candidato a um lugar no céu, pela perfeição como exerce a sua devotada “isenção”,
no apelo que faz para manter a coligação em exercício, considerando:
“É
nos momentos de crise que mais precisamos de Políticos que se gastem ao serviço
da causa pública (res publica) em detrimento dos seus interesses pessoais ou
partidários. Precisamos de quem governe e não de quem se governe. É nestas
alturas que não nos podemos resignar à politiquice, mas devemos exercer, na
plenitude, a nossa cidadania para pugnar, por todos os meios ao nosso alcance,
para que a nobre arte da Política seja reservada aos políticos competentes e
para que todos os que o não são sejam denunciados e, rapidamente, irradiados.”
Nós estamos absolutamente de acordo com este autêntico “lapsos
lingue” de sua reverendíssima, porque a ser sincero este seu apelo, teria
forçosa e encarniçadamente que rezar a todos os seus santinhos, para esta
coligação desse a alma ao criador.
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