O PS NÃO TEM EMENDA
Os debate parlamentares que quinzenalmente contam com a
presença do 1º Ministro, têm a virtude de demonstrar, que jamais poderíamos desempenhar
um papel de deputado.
A indignação que nos causam alguns depoimentos de tão
aberrantes, tendenciosos ou mentirosos, exigiriam de nós um índice de paciência
e serenidade, que humildemente reconhecemos estar para além da nossa capacidade.
Hoje, a sessão não fugiu ao que é habitual.
Não nos indigna ver os deputados da Coligação defender
opções injustas, com o seu selo de classe, porque sabemos que eles estão ali exactamente
para isso, em delegação dos seus patrões, grupos financeiros ou elites
económicas.
Agora aceitar as oscilações do Partido Socialista, em defesa do
Estado Social, assistir ao baixo nível das intervenções do seu secretário-geral
e de alguns dos seus deputados, que tudo fazem para dar argumentos à coligação
de direita, causa-nos um sofrimento inenarrável.
Na sequência do actual conflito interno, entre alguns dos
mais destacados dirigentes do PS, chegámos a ter por vezes a sensação que algo
de novo se perfilava obrigatoriamente no horizonte, que talvez fosse propício a
alterar a eterna posição do Partido Socialista como partido de direita, com uma
tradicional linguagem de esquerda.
No entanto a evidência da falta de soluções justas e
equilibradas para as posições que os antagonistas adoptavam, eram sinal de que haveria
obstáculos inultrapassáveis, para colocar o PS no bom caminho.
Como espectador atento, o que mais me despertava a
curiosidade, era perceber como o Partido Socialista ia sair daquela situação,
tendo em atenção as posições em confronto.
Logo após a reunião da sua Comissão Política, sentiu-se que “a
montanha tinha parido um rato” e que as soluções admitidas, procuravam exclusivamente
evitar a rotura e o consequente risco de influenciar negativamente as próximas
eleição autárquicas.
O programa “A Quadratura do Círculo” (Onde só uma vez vi o
PCP representado ….e de que notável maneira se exibiu Honório Novo!!!), levado
a efeito no dia seguinte, tem com se sabe, um dos residentes…António Costa.
Espremido para confessar o que se tinha passado na reunião
da Comissão Política do PS, pelo seus dois ex-adversários políticos (digo “ex”,
porque durante o programa chegaram à conclusão que a situação se tinha deteriorado
de tal maneira no PSD e CDS, que praticamente estavam todos do mesmo lado da trincheira e parece que para se manterem "at eternun"!!!),
António Costa manteve a dúvida, sobre a hipótese de concorrer ou não, a
secretário-geral do PS.
Em “Abrantes…tudo como dantes!”, foi a conclusão!!!
Acontece que hoje, ao assistir ao debate parlamentar, houve uma
proposta do actual secretário-geral do PS, António José Seguro, que não só deu
ideia do baixíssimo nível daquele sinistro “pateta-alegre” (basta ver os sorrisos
lastimáveis com que permanentemente nos brinda, quando embaraçado com os
argumentos da direita!), como nos faz corar de vergonha, ser aquele mentecapto,
representante do maior (só isso, por enquanto!) partido da oposição.
Quando o primeiro-ministro, voltou à baila com a questão da
ausência do PS da Comissão “Para a Refundação do Estado”, o inacreditável
Seguro, propõe nada mais, nada menos: Se a coligação PSD/CDS retirar os 4.000
milhões de euros da proposta do orçamento para 2014, no dia seguinte o PS passa
a negociar a reforma do Estado com a Coligação.
Já entrámos no capítulo do vale tudo, até a ridículo
argumento da “chantagem”.
Só nos admirámos de Passos Coelho não aproveitar a proposta,
para se aproveitar do PS, como tem feito com a UGT e o seu papel na Concertação
Social!
Quem pense que aquela proposta é uma questão de pormenor, está
redondamente enganado.
Não é possível um Partido com as responsabilidades do PS, dar-se
ao luxo de ter dirigentes que utilizem, argumentos desta natureza, sem que a
sua credibilidade se perca totalmente.
Parece-nos que a proposta de António José Seguro, foi um
erro essencial e não pode ser analisado como episódico.
Há questões que são intuitivas!!!
Ou António Costa (que nos parece ser o único líder do PS ainda
com alguma credibilidade) se decide a ter a coragem de tomar as rédeas da
situação, para resolver a questão interna da direcção do Partido Socialista, e corre com os actuais
dirigentes mudando o rumo do Partido Socialista no sentido da defesa dos trabalhadores,
ou arrisca-se a ser acusado de cobardia pelos seus próprios militantes e terá
então ocasião de assistir mais cedo do que tarde, à fragmentação do seu Partido.
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