ANTÓNIO COSTA
COLOCA A BOCA NO TROMBONE!
Por uma questão de higiene mental, é conveniente lembrar que
António Costa foi:
Membro do Secretariado Nacional do PS entre 1987 e 1990 e
desde 1994.
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares do XIII Governo
Constitucional de 1995 a 1997.
Ministro dos Assuntos Parlamentares do XIII Governo
Constitucional de 1997 a 1999.
Ministro da Justiça do XIV Governo Constitucional de 1999 a
2002,
Presidiu ao Grupo Parlamentar do PS, de 2001 a 2004.
Deputado e vice-presidente no Parlamento Europeu, entre 2004
e 2005.
Ministro de Estado e da Administração Interna do XVII
Governo Constitucional de 2005 a 2007,
Actualmente é presidente da câmara de lisboa desde 2007.
Eis textualmente o que disse, aquele que quase sempre foi o
nº 2 do PS, no último programa "quadratura do círculo".
(...) A situação a que chegámos não foi uma situação do
acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal
deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi
também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar
o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a
Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês
basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os
teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos
de produzir.
E portanto, esta
ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver
dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é
uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os
nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União
Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram
dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um
comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política
induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer? Podemos
todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que
esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do
conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União
Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser
simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise,
porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta
mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à
austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo
exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a
austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas
décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme
manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local
enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis,
fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe
juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A
Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias
urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a
compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na
Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A
que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas
16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público.
Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus
tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos.
E têm como consequência os sacrifícios por que hoje
passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do
nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois,
enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes
exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as
parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir
organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem
penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da
sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas
causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à
austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."
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