PRÉMIO NOBEL DA GUERRA
Em 15 de Janeiro de 2009, logo após a sua eleição, publicámos neste Blogue um texto intitulado “OBAMA, O PRIMEIRO PRESIDENTE JUDEU DOS ESTADOS UNIDOS”.
É evidente que Obama não era judeu, mas conhecendo algumas
particularidades do seu percurso académico e político, sabíamos que desde
sempre estivera sob atenta e cuidadosa observação da comunidade judia dos
Estados Unidos.
As suas relações pessoais com essa comunidade,
caracterizou-se por ir sendo sucessivamente apresentado a elementos cada vez
mais importantes na cadeia hierárquica do loby judeu norte-americano, consoante
se iam consolidando os seus sucessos académicos, profissionais e políticos.
As espectativas do loby judeu no seu brilhantismo, nunca
foram defraudadas e as esperanças que nele foram depositando como futuro trunfo
político, mostraram que ele tinha sido uma aposta certeira.
No início da campanha presidencial que o haveria de levar ao
poder, numa palestra dirigida aos lideres da comunidade judia dos
Estados Unidos, no dia 16 de Abril de 2008, na Congregação Rodeph Shalom em
Filadélfia, Shimón Peres pregunta a Obama: ¿Que pode fazer por Israel?».
A resposta de Obama foi suficientemente clara e
satisfatória. O compromisso assumido de apoio total ao programa “Antes de tudo,
Israel”, levou os capitalistas judeus a investiram quantidades de dinheiro, nas
eleições presidenciais de 4 de Novembro de 2008, como jamais havia feito, em
qualquer outra eleição presidencial.
Para além das enormes quantidades de dinheiro, colocaram
igualmente à sua disposição um staff de conselheiros, composto por sinistras
figuras conhecidos pela sua ligação aos lobys “pro-israel”, nomeadamente ao
presidente da “Leading Jewish American Organisations”, Dennis Ross do
“Bipartisan Policy Center” e Joseph Biden, a eminência parda que estava por
detrás das políticas contra o Irão e que deu o mote à caluniosa campanha
desenvolvida contra Teerão, a propósito das questões ligadas ao desenvolvimento
da energia nuclear.
No entanto, a medida mais significativa foi manter como
Secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, nomeado no tempo do famigerado
George Bush.
Na realidade, após a eleição, rapidamente se ficou a
perceber que em consequência desses apoios, foram colocados numerosos fanáticos
sionistas em tudo quanto era lugar de responsabilidade na Casa Branca, nos
Conselhos Económicos e no aparelho de segurança dos Estados Unidos.
Outra consequência dessas nomeações, foi a protecção
ostensiva dada a Israel a partir de então, permitindo que esse país
prosseguisse e desenvolvesse a criação de novos colonatos em território
palestino e nomeadamente em Jerusalém oriental.
Para culminar esse vergonhoso apoio, os Estados Unidos defenderam
uma escandalosa e silenciosa neutralidade, perante o levantamento de um muro na
Cisjordânia e Jerusalém Oriental, que com 8 metros de altura, conta já hoje com
760 quilómetros de comprimento, não se sabendo quando vai terminar.
Este “Muro da Pouca-Vergonha”
tem como objectivo principal anexar e dar como facto consumado, a ocupação de
novas parcelas do território palestino.
60.500 Palestinos de 42 povoações já passaram a viver entre
o muro e a chamada linha verde, que é a designação da linha de fronteira,
negociada após o Armistício da guerra Israelo-árabe de 1949.
57.500 Hectares, ou seja 10% da Cisjordânia e 31.400
palestinos, estão completamente cercados
500.000 Palestinos ficarão a viver à distância de 1Km do
muro, dos quais 200.000 na parte referente a Jerusalém Oriental
Dezenas de milhares de oliveiras e outras árvores bem como
dezenas de habitações foram destruídas, por se encontrarem dentro desse espaço.
Todas as dezenas de resoluções da ONU condenando Israel por
estes e outros crimes levados a cabo contra os palestinos, fora ignoradas e sempre
vetadas pelos Estados Unidos e até as decisões dos próprios tribunais
israelitas, condenando tais acções, de nada serviram.
Obama fecha os olhos e criminaliza os palestinos que lutam
contra estas crueldades, dizendo que são terroristas.
Nem de propósito, dizia ontem no Correio da Manhã, o jornalista Francisco J. Gonçalves:
«O presidente Barack
Obama prometeu corrigir os abusos de George W. Bush no combate ao terrorismo,
eliminando, por exemplo, a tortura nas prisões secretas da CIA. Contudo, o
sistema mantém-se e acumulou excessos.
Prova disso é um novo documento de 16
páginas que legitima as execuções extrajudiciais de suspeitos norte--americanos
com recurso a ‘drones’. O método é usado há muito por Obama e, só no Paquistão,
já fez 3461 vítimas, entre elas 891 civis. A diferença é que agora é legal.
"Visar um membro de uma força inimiga
que representa risco iminente de ataque contra os EUA não é ilegal. É um ato
legal de autodefesa", lê-se no novo manual de combate ao terrorismo.
Esta escalada securitária dos EUA faz
lembrar o pré-crime de ‘Relatório Minoritário’, pois Obama julga, condena e
executa suspeitos antes de cometerem crimes.
Agindo assim, passou de crítico de Bush a
clone de George W. em tom... minoritário: Bush fazia guerras preventivas
dispendiosas; o seu sucessor elimina preventivamente suspeitos com ataques
silenciosos mais baratos e sem risco de baixas militares.»
Obama no fundo, limita-se como é evidente, a ser um
continuador dos esforços que os Estados Unidos desde sempre fizeram, para
manter a supremacia económica mundial e o necessário domínio militar, que possa
assegurar essa hegemonia.
Se alguma duvida houvesse, ou alguém considerasse exagerada
esta afirmação, bastaria tomar conhecimento de um estudo do Professor Universitário brasileiro Alberto Silva Jones,
que sistematizou as principais datas históricas que caracterizaram a
geopolítica norte-americana.
Objectivamente chega-se à conclusão que desde a guerra com o México em 1846/1848, por causa da anexação do
Texas, até à guerra do Iraque em 2003,
os Estados Unidos envolveram-se em 91 conflitos armados.
Por outro lado, contabilizando as vítimas dos conflitos que os
Estados Unidos têm protagonizado depois da 2ª guerra mundial, chega-se ao
impressionante número de 27.000.000 seres humanos que já morreram, em virtude
dessas intervenções.
Em pleno século XXI, os EUA ainda prosseguem na mesma
trilha.
A grande novidade é
que a política geoestratégica dos Estados Unidos sofreu uma viragem de 180º.
Agora estão virados para o Pacífico, tendo em vista a
eleição da China como o seu principal inimigo.
Está inaugurada uma
nova Guerra Fria, onde o vermelho foi substituído pelo amarelo.
Em consequência dessa profunda alteração, que se repercute
numa substancial redução da importância estratégica da base das Lages, Portugal
sairá muito prejudicado, na medida em que diminuindo radicalmente o número de
trabalhadores portugueses a trabalhar na base, a economia de região sairá
fortemente lesada.
Parece no entanto, que os norte-americanos estão na disposição de
manter as mais de 800 bases militares em todo o mundo, alterando no entanto o
valor da sua importância estratégica, adaptando-as à nova estratégia, tal como
o fizeram nos Açores, de acordo com a eleição do seu novo inimigo…a China!!!
Tendo em vista a guerra económica que já começou, reforçar o
cerco a esse país, faz parte do esquema militar a ser implementado, tendo como imediato
a chantagem de um previsível conflito, com a emergente China, para pressionar a
cotação do Yuan.
Em segundo lugar, o ataque à economia da China, passa por obrigar
este país a um esforço militar na sua defesa, que acabe por resultar num desvio para o sector
militar de verbas que não sendo reprodutivas de riqueza (contrariamente ao que
acontece nos Estados Unidos, onde essa indústria é um importante motor da
economia), diminua assinaladamente a capacidade de aumentar o nível de vida das
suas populações, com as consequências sociais que tal provoca.
De triste memória, foi exactamente isso que aconteceu na
ex-União Soviética e que tanto prejuízo trouxe para os trabalhadores de todo o
mundo, originando a actual crise mundial que estamos a viver tão dolorosamente.
De facto, foi em consequência do Capitalismo ter “perdido o
freio nos dentes” por ter desaparecido o sistema que lhe mantinha a contenção e
fazia frente, que por ter desaparecido, deixou o caminho livre à
desregulamentação financeira, que estamos a viver desde então.
Os Estados Unidos, seguindo a sua velha estratégia que tão bons
resultados tiveram em relação à ex-União Soviética, estão a criar uma série de
bases militares, que vão das Filipinas, a Taiwan, Coreia do Sul, à Autrália,
não pondo de lado excitar a India através dos meios diplomáticos, para poder
contar com ela, em caso de conflito.
Objectivamente no entanto, o seu maior empenho está a ser
feito na direcção do Japão, onde esforçadas tentativas para levar este país a
militariza-se, não têm outra intenção, senão a de assegurar nesse flanco, um
apoio importante, caso o Japão morda a isca.
Recordamos que foi nesse sentido, ainda sob os secretos
auspícios de Hilary Clinton e o silêncio dos média internacionais, foi enviada
ao Japão em plena campanha eleitoral de 2012, uma delegação “não oficial”, composta
por Richard L. Armitage, ex- Secretário de Estado Adjunto de George W. Bush, Joseph
S. Nye Jr., ex-oficial de inteligência na administração Clinton, James B.
Steinberg, que foi vice-secretário de Estado da administração Obama e Stephen
J. Hadley, conselheiro de segurança nacional de Bush filho.
Com o artifício de procurar aliviar as tensões entre o Japão
e a China, a propósito do conflito existente entre estes dois países, a
respeito da soberania das ilhas Diaoyou / Sinkaku, que um industrial chinês
teria eventualmente vendido ao Japão, escondiam a parte mais secreta da sua
missão, que era apelar ao orgulho nacional japonês, no sentido de abdicar do
seu estatuto pacifista, e abrir portas ao apoio militar dos Estados Unidos, no
sentido de criar forças militares japonesas, que estivessem à altura de
desempenhar um papel activo contra a China, em caso de necessidade.
O problema que se
mostrou e mostra inultrapassável para os Estados Unidos fazerem o Japão
embarcar num novo militarismo, que lhes seja favorável para se oporem à China,
deriva principalmente do facto de no fim da 2ª Guerra Mundial, os japoneses
traumatizados pela derrota e pela tragédia atómica de Hiroshima e Nagasaki, com
o apoio e patrocínio do general MacArthur, aprovaram uma nova Constituição, de
índole profundamente pacifista, que ainda hoje lhes é bastante querida, apesar
das mais variadas pressões para alterá-la, a que estão sujeitos.
Diz a Constituição japonesa no seu artigo 9º:
" Aspirando
sinceramente a uma paz internacional baseada na justiça e na ordem, o povo
japonês renuncia para sempre à guerra como um direito soberano da nação e à
ameaça ou uso da força como meio de resolver disputas internacionais. (2) Para
realizar o objetivo do parágrafo anterior, na terra, no mar, e no ar, como potencial
para outra guerra, nunca mais poderá vir a ser mantida. O direito de
beligerância do Estado jamais será reconhecido. "
No entanto, influenciados pela necessidade de apoios mais
específicos e de caracter global, derivados da tragédia do Tsunami, sensíveis
ao argumento de o Japão não se tornar um país frágil perante um conflito armado
com a China, que os Estados Unidos vêm agitando disfarçadamente, a questão da
alteração da Constituição, embora artificiosa, está a ganhar mais adeptos na
opinião pública.
No entanto enquanto Partido Comunista Japonês e socialistas
japoneses continuarem a ser uma força poderosa no governo e na sociedade, há
poucas hipóteses desse artigo 9º será revogado.
No meio de tudo isto, o que mais nos espanta, é a população
dos Estados Unidos, nação pretensamente símbolo da democracia, estar de tal
maneira manipulada, que apesar da miséria que por lá grassa, da dimensão que
vai tendo a ruina das classes médias, o aumento do desemprego, a falência em
catadupa das empresas, as descomunais diferenças entre os poucos que têm tudo e
os muitos que nada têm, não se fazer eco dos 22 veteranos de guerra que diariamente se suicidam, segundo um estudo
que durou dois anos e foi divulgado em 03 de Fevereiro de 2013 pelo Ministério
de Veteranos de Guerra do país (U.S. Department of Veterans Affairs).
NOTA DO BLOGUE-
Após escrever e publicar este texto, recebi um e-mail histórico onde se afirma que a China é a maior potência comercial do planeta, o que explica muito do que escrevi sobre a nova guerra fria.
"A China tornou-se a primeira potência comercial do planeta em 2012, no que economistas consideram um momento histórico. Medido pela soma de exportações e importações de mercadorias, a potência asiática pela primeira vez superou os Estados Unidos, em nova mostra de seu persistente crescimento na economia mundial.
NOTA DO BLOGUE-
Após escrever e publicar este texto, recebi um e-mail histórico onde se afirma que a China é a maior potência comercial do planeta, o que explica muito do que escrevi sobre a nova guerra fria.
Dizia a notícia:
"A China tornou-se a primeira potência comercial do planeta em 2012, no que economistas consideram um momento histórico. Medido pela soma de exportações e importações de mercadorias, a potência asiática pela primeira vez superou os Estados Unidos, em nova mostra de seu persistente crescimento na economia mundial.
Os EUA totalizaram US$ 3,82 triliões de exportações e
importações. Já a China totalizou US$ 3,87 triliões, segundo as últimas
estatísticas divulgadas pelos dois países."
2 comentários:
Muito bom!
Muito obrigado
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