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segunda-feira, 20 de junho de 2011

CAPITULO SEGUNDO

DO "SUBPRIME"

Á CRISE PORTUGUESA


Tudo começou com a chamada crise do “subprime” e a consequente falência do Lemman Brothers (que viu as suas acções perderem 95% do seu valor durante um ano) arrastando consigo outro grande banco de investimento Merrill Lynch que se viu obrigado a fundir com o Bank of America.
Por outro lado a Bear Stearns Companies, Inc , foi comprada pelo banco JP Morgan Chase.
O afundamento da divisão de produtos financeiros da multinacional de seguros AIG, foi a principal responsável pela quase falência desta empresa, uma das maiores companhias de seguros mundia.
Este conjunto de situações de fusões e falências, obrigou o FED- Reserva Federal dos Estados Unidos da América (Banco Central), partir de Dezembro de 2008 a inundar o mercado com sucessivas emissões de moeda designado de “quantitative easing” ou mais simplesmente ”QE1” de Bush, com 2,1 triliões de dólares a que se seguiu o “QE2” já no tempo de Obama, com cerca de 1,7 triliões de dólares.
Todo este dinheiro, “fabricado” para dar liquidez às empresas em dificuldades, não resolveram a situação e o dolar americano passou de 70% da reserva mundial de divisas dos bancos centrais para cerca de 60%, enquanto o euro cresceu no mesmo período de 18% para 27%.
Quando a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (Banco Central) lançou no mercado, um pacote de 600 mil milhões de dólares, a título de “dar um pouco de Oxigénio” á sua economia, a Alemanha advertiu que não admitia a continuação desse tipo de solução.
Com essa advertência, parece ter terminado a possibilidade do FED continuar a imprimir dólares indiscriminadamente.
Ao criar todo aquele dinheiro como dívida, resulta que outros terão de pagar e consequentemente estão a viciar não só a economia americana, como a economia mundial, com resultados funestos para todos, excepto para os ricos e grandes grupos empresariais.
Esta a génese da crise mundial que assistimos.
No que diz respeito a Portugal, a fragilidade da nossa economia e a criminosa actuação dos governos que temos tido, têm uma responsabilidade acrescida, na dimensão da crise que nos assola.
Mário Soares meteu-nos na Europa em circunstâncias extremamente desfavoráveis, como na altura foi assinalado pelo Partido Comunista Português, Cavaco Silva desbaratou os fundos, destruiu a agricultura, as pesca e a indústria e os outros, gastaram ”á tripa forra” para satisfazer os “jobs for the boys” e as suas vastas clientelas.
Vivemos e gastámos acima das nossas possibilidades, com a ajuda e o estímulo bancos e dos governos, sem darmos conta que estávamos a ficar reféns do Banco Central Europeu e em ultima análise da Alemanha, que assim vai passo a passo, conseguindo paulatinamente o que pela força das armas não conseguiu em 1914/18 ou em 1939/45.
Os políticos portugueses responsáveis talvez nos possam explicar o PEC 1, 2, 3, 4 e até o 5, mas o que queríamos, era que nos explicassem a política dos Offshores, os privilégios fiscais dos Bancos, as reformas dos políticos, para onde foi o dinheiro dos fundos europeus e das privatizações das empresas que desde 1975 estão a ser vendidas ao desbarato, as Parcerias Público-Privadas (PPP), a justificação para a não obrigatoriedade de passagem de facturas no geral e nomeadamente no pagamento do carregamento dos telemóveis, com o artifício da necessidade do numero de contribuinte, o ponto em que está a operação Furacão, o regime dos medicamentos, o vergonhoso caso da diferenciação de preços dos combustíveis, entre nós e a
nossa vizinha Espanha, etc., etc.
Façam o que fizerem, digam o que disserem, justifiquem-se como quiserem, que não podem negar que o ataque que assistimos aos mais explorados, é uma deriva do Sistema Capitalista que lógicamente vai abrir o caminho á barbárie social.
Vivemos uma época em que o financeiro determina o político, contrariamente ao que desde sempre tinha acontecido, em que o político se sobrepunha ao financeiro.
Esta alteração na correlação de forças, não se pode desligar da Globalização, que permite liderança desse processo, a três décimos de 1%, da população mundial.
Na Europa, a supremacia económica da Alemanha, ante o definhamento das restantes economias, inclusive da Francesa, trás fenómenos de relevância histórica que não são despiciendos, até pelas dolorosas experiências do passado.
Exactamente pela diferença das economias, do desenvolvimento, das realidades e das culturas que até são por vezes opostas, levaram o Partido Comunista Português, na devida altura, a colocar em causa a lógica da integração apressada no euro, tal como se processou.
Para quem tenha a memória curta, aproveitamos a ocasião, para refresca-la.
Com a nossa integração europeia, nenhum dos graves fenómenos de perca de soberania afectou aparentemente, o regular funcionamento das instituições e dos seus responsáveis, caminhando alegremente, cantando e rindo a depositar em mãos alheias, os sonhos, as lutas e as justas aspirações, de gerações e gerações de portugueses, que faziam da
independência do seu país razão suficiente para lhe oferecerem a vida.
Compensaram propagandisticamente muitas dessas cedências políticas, com o foguetório de ter quadros portugueses, nos organismos de direcção da União Europeia.
Com que vantagens para Portugal?
A coincidência de por detrás da direcção de cada organismo da Troika, estar um português, como é evidente, não lhe trouxe nenhuma vantagem, antes pelo contrário!!!
Senão vejamos:
União Europeia- Presidente, José Manuel Durão Barroso
Fundo Monetário Internacional, FMI – António Borges, director do Departamento Europeu.
Banco Europeu – Vítor Constâncio, Vice Presidente.
Não acreditamos que fosse por acaso, que cada um já tivesse expresso há muito tempo a título pessoal e na área da sua especialidade, que Portugal tinha necessidades das reformas que
“preto no branco” estão no memorando da Troika.
Nenhuma leitura por muito enviesada que seja, poderá retirar-lhes essa responsabilidade, até pelos importante cargos de chefia que exercem nessas instituições.
É muito difícil aceitar que não foram eles, com o seu profundo e pormenorizado conhecimento de causa, que influenciaram a canalhada de exigências que em nome do FMI/BE/EU, a Troika nos veio fazer.
Os foguetes que deitaram pela “honra” de ter portugueses em tão elevados cargos, rapidamente se provou ser fogo-fátuo, proveniente da decomposição acelerada de Portugal e não, o que afinal queriam fazer parecer, como sendo fogo-de-artifício comemorativo das facilidades, que a partir dessas nomeações, Portugal passaria a ter.
Não é difícil enxergar a sua mãozinha, lembrando-nos das suas
anteriores opções privatizadoras , quando no memorando se fala na privatização das empresas que ainda estão na posse do Estado (ou nas quais o Estado ainda tem participações) BPN, TAP, EDP, REFER, CTT, ANA, Águas de Portugal, Seguros da CGD, etc.
Também não nos esquecemos de ter ouvido Constâncio referir a necessidade de aumentar os rácios prudenciais, quando da sua ida à Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, para justificar o injustificável falhanço das entidades de supervisão, no caso do Banco Comercial Português.
Apesar da enorme perda de credibilidade como consequência de ter errado as previsões macroeconómicas, negado a existência de crise em uníssono com o Governo Português, falhado na regulação bancária, actuando no mínimo “displicentemente” no casos BPN e BPP que custou aos contribuintes portugueses mais de 5.000 milhões de euros, foi nomeado vice-presidente do Banco Central Europeu, num mandato onde é responsável pela supervisão bancária, com uma remuneração que é a terceira mais alta do mundo, só ultrapassada pelo governador do banco central de Hong Kong e do banco central de Itália.
É na sequência do seu antigo apelo ao aumento dos rácios prudenciais dos bancos, que pensamos alinhar a decisão da Troika em aumentar os antigos rácios de capital TIer 1 de 6% ou pouco mais, para rácios de capital TIer 1 de 9% até fim de 2011 e de TIer 1 de 10% até final de 2012.
Para já 12.000 milhões de euros dos 78.000 milhões que a União Europeia nos vai emprestar, já lá cantam e somos nós trabalhadores, reformados, desempregados, deficientes, pobres e remediados que os iremos pagar.
Perguntamos nós, cheios de candura….mas a que propósito???
Desde quando, um individuo não sendo por filantropia, deve ter de pagar algo que não comprou, beneficiou, ou assumiu qualquer compromisso de dívida?
Isto é, vamos todos nós, ter de pagar ….a que propósito???
Mais, se não chegarem estes milhõeszitos e se o recurso á venda dos activos dos bancos se mostrar insuficiente,
lá estará o capital do Estado, para satisfazer as necessidades e o Zé Pagante na sua função de potencial escravo , destinado a satisfazer a gula das elites financeiras .

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