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quarta-feira, 29 de junho de 2011

ONDE SE FALA DO CASAMENTO DO
FALSO APÓSTATA E ICONOCLASTA
MÁRIO SOARES, COM A SUA AMADA IGREJA

Ainda há pouco tinha lido um texto de José Casanova, que me impressionou imenso, por acrescentar ao meu já longo rol das traições de Mário Soares ao 25 de Abril, um “compagnon de route” D. António Ribeiro, o então Cardeal Patriarca de Lisboa.
Ao relembrar a célebre concentração de 19 de Julho de 1975 na Fonte Luminosa, convocada pelo PS, o meu querido camarada José Casanova, revelava mais algumas das actividades criminosas desse émulo de Miguel de Vasconcelos que foi Mário Soares, descrevendo que ele: “desdobra-se em revelações sobre as suas actividades ocultas, desnudando-se e expondo as vergonhas, das quais, babado, se orgulha.”.
Ufanando-se das numerosas perfídias que cometeu, aquele finório politiqueiro, espera assim fantasiar a realidade que o há-de colocar no mais odioso lugar da nossa História, aliando á sua traição, quem por principio devia merecer o nosso respeito, não fora a tradicional hipocrisia, com que a hierarquia da Igreja mascara a sua eterna ligação ao capitalismo e mesmo aos aspectos mais mafiosos desse cancro da humanidade, que é o Sistema Capitalista.
Sentenciava o ardiloso Mário Soares:
«Conspirei activamente com D. António Ribeiro». «todos os párocos disseram nas igrejas que seria bom que os católicos se juntassem na Fonte Luminosa contra o PCP». E confessou: (sem o apoio da Igreja) «nós não teríamos conseguido aquela manifestação que derrubou, no fundo, o caminho para onde se estava a dirigir o País».
A novidade é a sua confissão da prestimosa colaboração prestada pelo então Cardeal Patriarca de Lisboa D. António Ribeiro, cujas funestas consequências cada vez mais se fazem sentir, não esquecendo a delinquente actuação do Bispo da Madeira e da cobertura que a Igreja deu e continua a dar ao que de mais antidemocrático se passou e se passa na ilha da Madeira, do alarve João Jardim.
Vem isto a propósito de um email que recebi, transcrevendo um texto de que não refere o autor.
No entanto, muita das situações que o texto relata, são dolorosas memórias que tenho, desses fascistóides tempos.

EU E OS CARDEAIS PATRIARCAS...

Confesso que há entre mim e os cardeais patriarcas de Lisboa um conflito insanável.
Não gosto deles, de nenhum deles, por razões que adiante explicarei.
Falo dos que conheci, isto é, dos que patriarcaram Lisboa desde que me conheço, que são três, a (má) conta que Deus fez, a saber:
D. José Policarpo, D. António Ribeiro e D. Gonçalves Cerejeira.
Ontem, trouxe-vos aqui o primeiro e a sua invocação da caridade-para-matar-a-fome como forma de ocultar as causas da fome, ou seja; a sua acção ao serviço dos interesses do capitalismo explorador e opressor.
Razões mais do que suficientes param eu não gostar de semelhante criatura.
Há dias, o Dr. Mário Soares (que, pelas qualidades inatas que possui, também não estava mal como patriarca de Lisboa...) lembrou-me o segundo - D. António Ribeiro - ao revelar que os dois conspiraram activamente para destruir a democracia de Abril.
Razões mais do que suficientes para eu gostar tanto do Cardeal Ribeiro como gosto do ciático Soares.
Falta o terceiro, de seu nome Manuel Gonçalves Cerejeira: O Cerejeira: de má memória.
Esse teve o privilégio de servir não apenas o capitalismo tout court, mas o capitalismo na modalidade de ditadura terrorista do grande capital - ditadura fascista.
E saiu-se bem da tarefa, por tal tendo assegurado, certamente, um lugar ao sol lá no céu.
O fascismo salazarista instituiu a caridade como política social do regime e o analfabetismo (isto anda tudo ligado...) como política cultural...
O ditador falou e pôs a falar sobre a caridade e o analfabetismo todos os jornais e comentadores políticos de então - e eles, como os seus sucessores de hoje, estiveram à altura da tarefa.
Era o tempo em que a frase «hoje vamos fazer caridade» corria pelo país e os jornais informavam do «Chá de Caridade, no Tivoli, promovido por uma Comissão de Senhoras da nossa Primeira Sociedade» (SIC, incluindo as maiúsculas...) - e no dia seguinte davam notícia do êxito da iniciativa e mostravam fotografias das filhas das promotoras - «um friso de gentis meninas» (SIC, outra vez...)- repletas de caridade bebida em chávenas de porcelana.
Era o tempo, portanto, em que o Cardeal Cerejeira estava como peixe na água a apregoar a sua terceira virtude teologal...
Nas escolas, desde a instrução primária, o ensino da caridade era a prioridade as prioridades - e, porque isto anda tudo ligado, também se pregavam as virtudes do analfabetismo.
Sobre os 75% de analfabetos existentes, os comentadores políticos de então escreviam assim: «A parte mais linda, mais forte e mais saudável da alma portuguesa reside nesses 75 por cento de analfabetos»;
ou assim: «Felizes aqueles que não sabem ler!»...
E sobre a virtude da caridade os livros escolares, neste caso o da terceira classe, ensinavam deste jeito:
«Gosto muito deste pobrezinho. Chora sem lhe fazerem mal e sem dizer porquê. Quando lhe levo alguma coisa que o consola, vou tão depressa que nem sinto os pés tocar no chão. Ando sempre contente nos dias em que posso visitá-lo e dar-lhe esmola. Não há alegria como a de fazer bem. Nosso Senhor ensinou que a maior de todas as virtudes é a caridade.»
Imagine-se o gozo devoto que tais ensinamentos às criancinhas provocavam no cardeal Cerejeira - e o estimulo que isso era para a sua pregação da CARIDADE.
Mas o fascismo não era só analfabetismo e caridade...E nas suas outras vertentes teve sempre no Cardeal Cerejeira um activo propagandista, apoiante e colaborador.
Guardo na memória, para sempre - e para que fascismo nunca mais... - a resposta do Cardeal Cerejeira à carta que a esposa do embaixador de Brasil lhe enviou quando do assassinato, pela PIDE, de Raul Alves, operário, comunista, de Vila Franca de Xira.
Os pides lançaram Raul Alves do terceiro andar da António Maria Cardoso e arrumaram o assunto dizendo tratar-se de suicídio.
Contudo, de uma janela da Embaixada do Brasil, a esposa do embaixador assistiu ao crime e, emocionada, escreveu ao Cardeal Cerejeira a contar o sucedido.
E o Cardeal Patriarca de Lisboa - recorrendo a todos os dotes que fizeram dele um histórico arauto das múltiplas virtudes da caridade - reconfortou-a assim:
«Não há motivo para ficar tão impressionada.
Trata-se, apenas, de um comunista sem importância».

Não gosto de cardeais patriarcas, pronto!
E não adianto mais razões.

3 comentários:

gina henrique disse...

E eu pergunto seria preciso mais alguma razão para não gostar ?!Claro que não, mas será que são mesmo todos iguais?!
Prefiro pensar que apesar de tudo haverá alguém com maior factor humanitário!

JUVENAL disse...

Sem intenção de melindrar, faço esta pequena reflexão.
A cardeal chega-se depois de imensas provas dadas pelo seu “múnus docenti”, desde o seminário até ao bispado.
É difícil imaginar, que essa triagem permita alcançar a mais alta hierarquia, sem que o seu pensamento e sobretudo a sua acção não correspondam a uma filosofia, que se enquadre os mais altos desígnios da gestão da “coisa religiosa”.
Ao Colégio cardinalício, embora só compita expor (não discutir) as mais variadas opiniões dos seus elementos, impossível é imaginar que nas numerosíssimas reuniões do "Sínodo dos cardeais" possa escapar “ad eternum” o perfil psicológico de cada um dos cardeais que o compõe.
Quando um cardeal expressa uma frase do tipo «Não há motivo para ficar tão impressionada. Trata-se, apenas, de um comunista sem importância» e os seus pares não reagem, reflectem a hipocrisia que domina toda a hierarquia em relação aos comunistas, esquecendo paradoxalmente para este segmento da população um dos 10 mandamentos em que assenta toda a estrutura moral da Igreja, da qual ele é “príncipe escolhido”.
E pensarmos nós que o sacrilégio que estes “seres humanos” cometem é procurar construir uma sociedade onde não cabe a exploração do homem pelo homem.

José Alberto Salgado disse...

Tudo bem. Deveria, contudo, ser mais rigoroso e precisar que a frase não é do Cardeal Cerejeira mas sim do Ministério do Interior da altura, embora veiculada através dele.