RECORDAR É VIVER
Vem este aforismo a propósito do relevante texto que acompanha o valioso vídeo que se segue, não por querer de alguma forma plagiar o texto referente ao vídeo, ou por pedantismo querer comparar as situações, mas por velhas memórias que no mesmo “contexto”, me assaltaram a memória.
Quando jovem, por dever profissional, todos os anos me deslocava a Paris.
O dinheiro não abundava e sistematicamente, depois de uma viagem de automóvel directa de Lisboa a Paris, muitas vezes com as paragens necessárias unicamente para meter gasolina ou comprar alguma comida, ia direito ao Bosque de Bolonha onde ficava acampado.
Nos primeiros anos as condições do parque de campismo eram tão rudimentares, que as instalações sanitárias eram instaladas por cima de fossas, com um buraco num tampo de madeira.
Para se tomar banho, era ao ar livre e debaixo de um balde com chuveiro, pendurado numa árvore, para quem o tivesse.
Olhos de jovem arregalavam-se, a ver belas mulheres tomando banho, na maior das displicências.
E é a partir do Bosque de Bolonha, local onde começa a viagem relatada no vídeo e de onde eu sempre partia para as tarefas que me levavam ao centro de Paris, que se acordam as minhas remotas memórias.
Curiosamente, não me lembro de o ter feito com tão pouco trânsito, como o apresentado no vídeo.
Bem sei que a hora era sempre mais tardia, mas se bem me recordo já por volta de 1955 até pelo menos 1974, sempre havia muitos mais carros estacionados na parte assinalada no percurso, pelo menos até centro, ou seja a Place de l’Opera e Boulevards.
O trânsito pela Avenue de la Grande- Armée, Arco do Triunfo, Champs Elisées, Place de la Madeleine, era intenso, mas na insensatez dos meus verdes anos e da muita presunção de conduzir muito bem, fazia sempre esse percurso em alta velocidade, derivando por entre os carros, na inconsciência de por vezes atingir mais de 100 quilómetros á hora.
É um facto que toda a gente conduzia muito depressa e disciplinadamente, o que me permitia o ziguezaguear de uma imprudente e portuguesíssima fraca cópia de Juan Manuel Fangio , o grande corredor de automóveis de então, respeitando religiosamente no entanto, os sinais vermelhos, contrariamente ao condutor do Ferrari do video .
Como nunca tive um acidente, considero-me um privilegiado protegido do inexistente S, Cristóvão.
EIS O TEXTO E O VÍDEO QUE ME FOI ENVIADO POR UM AMIGO.
VALE MESMO A PENA VER, SOBRETUDO PARA QUEM CONHECE BEM PARIS E IMAGINA ESTE TRAJECTO FEITO EM 9! MINUTOS! REALMENTE NÃO É PARA CARDÍACOS! LEIAM A EXPLICAÇÃO ANTES E.... BOA VIAGEM!
Já por cá andou há uns anos, mas esta cópia tem a vantagem de nos fazer recordar o trajecto com os nomes das principais ruas em Paris, que muitos de nós conhecem e que o piloto percorre a uma velocidade louca.
Pode ter sido o René Arnoux grande piloto de Fórmula 1 dos anos 80, salvo erro, mas que teve uma sorte fantástica em não ter provocado um acidente grave ao furar os sinais vermelhos.
Ninguém torna a repetir isto. Este filme é marcante na história das filmagens cinematográficas porque a câmara passa a ter uma mobilidade diferente, comparada c/ o tradicional cinema de Jean Renoir, de quem o Manoel de Oliveira é o actual continuador (esqueceu-se que também pilotou Ferraris).
Um homem e uma mulher é o filme, não proibido, que marca a mudança na técnica cinematográfica. Claud Lelouch, no início da sua carreira, filmava para fins publicitários, daí o recurso à mobilidade da câmara.
É loucura total mesmo!!!!
A entrada na contramão, quando num semáforo vermelho, já com carros parados mostra a rapidez das reacções e dá arrepios! Emocionante!
PARA QUEM AINDA NÃO VIU OU PARA AQUELES QUE QUEIRAM RECORDAR, AQUI VAI A LOUCA CORRIDA DE UM FERRARI, EM PARIS!
Antes de abrir o vídeo leia o comentário.
VÍDEO DE CLAUDE LELOUCH POR PARIS NUMA FERRARI GTB -1978
Em agosto de 1978, portanto há 31 anos, o cineasta francês Claude Lelouch adaptou uma câmara giroscopicamente estabilizada na frente de um Ferrari 275 GTB e convidou um amigo piloto profissional de Fórmula 1, para fazer um trajecto no coração de Paris!!!, na maior velocidade que ele pudesse.
A hora seria logo que o dia clareasse.
O filme só dava para 10 minutos e o trajecto seria de Porte Dauphine, através do Louvre até a basílica de Sacre Coeur.
Lelouch não conseguiu permissão para interditar nenhuma rua no perigoso trajecto a ser percorrido.
O piloto completou o circuito em 9minutos, chegando a 324 km por hora em certos momentos.
O filme mostra-o furando sinais vermelhos, quase atropelando pedestres, espantando pombos e entrando em ruas de sentido único. O sol nem havia saído ainda.
O piloto, teria sido René Arnoux, ou Jean-Pierre Jarier ?
Quando mostrou o filme em público pela primeira vez, Claude Lelouch preso!
Mas ele nunca revelou o nome do piloto de fórmula 1 que pilotou a máquina e o filme foi proibido, passando a circular só no underground.
Se você não viu ainda o clássico, prenda a respiração e clique no link abaixo. Se você já viu, veja de novo. Valea pena curtir a emoção de passear em Paris como se estivesse a bordo de um Ferrari 275 GTB.
Ligue o som e curta!!! Versão Integral... Raridade!
Sem comentários:
Enviar um comentário